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Patrocinadores falham em reação a caso de trabalho escravo no Lollapalooza

A 10ª edição do Lollapalooza Brasil chegou ao fim, mas tem muitos assuntos que vão continuar repercutindo nos próximos dias. E olha que não estamos nem falando sobre qual foi a melhor atração ou quais foram os artistas que não compareceram ao festival. O que chamou a atenção foi a notícia de que trabalhadores foram encontrados em regime análogo ao escravo, segundo fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Embora pouco divulgado na imprensa, o caso não foi um episódio isolado. Desde a edição 2018 do festival, denúncias como essa são registradas sem que de fato o problema seja resolvido.

Porém, como nosso foco aqui é sempre falar sobre as empresas e trazer cases de sucesso e de gestão de crise das marcas, vamos então aos fatos.

Ahhh, mas antes vale uma breve comparação.

Alguém se lembra do caso de assédio sexual de MC Guimê e Cara de Spato no BBB23 há poucos dias? Pois, então, a repercussão gigante nas redes sociais e a pressão das marcas patrocinadoras do reality foram fundamentais para a expulsão dos participantes, como mostramos aqui.

Foto montagem mostra manchetes de jornais numa linha do tempo desde 2018 falando de casos de regime de escravidão no Lollapalooza

No entanto, parece que o mesmo critério não foi adotado pelos patrocinadores desta edição do Lollapalooza. Casos de assédio sexual não são toleráveis, mas episódios de regime análogo à escravidão são? Por que dois pesos e duas medidas para situações que devem ser igualmente condenadas?

Budweiser, Chevrolet, Adidas, Johnnie Walker, Vivo, Coca-Cola, Mc Donalds e outras marcas que se associaram ao festival repudiaram o ocorrido. Elas disseram que cobraram a T4F Entretenimento S/A, organizadora do Lollapalooza Brasil, uma explicação sobre o caso. A T4F, por sua vez, disse que excluiu a empresa terceirizada da operação de infraestrutura do festival.

Contudo, aqui cabe uma reflexão sobre o patrocínio no Lollapalooza

Nenhuma das patrocinadoras compartilhou como monitora as condições de trabalho nos eventos que patrocinam. As marcas também não detalharam quais as exigências estipuladas e se denúncias como essa interferem alguma punição pelas cláusulas contratuais.

E o mais grave: esta não é a primeira vez que o Lolla é autuado por manter trabalhadores em regime análogo à escravidão.

Lollapalooza: participantes do festival caminham pela área do evento com o letreito com o nome do festival ao fundo

O Lolla é um festival gigantesco e uma baita oportunidade de exposição de mídia para grandes marcas, mas são também essas grandes empresas não podem mais admitir que casos como esse sejam registrados.

Muitas marcas que patrocinam o festival têm políticas afirmativas de ESG (sigla em inglês que trata dos pilares social, ambiental e de governança das empresas), mas até que ponto elas monitoram esta cadeia?

Adotar práticas ESG dentro da sua atividade econômica já se tornou obrigação para as empresas, mas é necessário ir além. Como mapear os fornecedores ou parceiros exigindo que eles cumpram o mínimo de requisitos básicos de uma política ESG? 

ESG é uma cadeia, não dá mais para dizer “eu não sabia”.